terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Verdade das nossas Mentiras...


Que dia… Estávamos nós ali juntos, à espera de algo que nos fizesse pecar por desejar e que nos fizesse arrepender por aquilo querer… Recordo que me olhavas com aquela intensidade de quem não pensa, mas faz, com aquela intensidade de quem não espera, mas reage… E então perguntava-me eu porquê? Porque estaríamos nós perdidos naquela imensidão de almas que passavam, pensando nos seus pensamentos, arcando as suas culpas… Num ritmo sufocante, desesperante, nós ali estávamos, a olhar… Eu lembro-me de te olhar e te dizer: “Porque não vamos embora?”… Tu e o teu sorriso responderam-me num relance do meu olhar… Era divertido contemplar tudo o que ali passava… A partir daquele banco de jardim víamos toda a gente que pelo parque passava… víamos a luz do sol por entre os ramos das árvores, víamos os pássaros a contar histórias e as pessoas a caminhar por entre as suas glórias…

Recordo-me que tudo era estranho… olhavas tu, atentamente, não te distraías… a tua alma não estava em ti, mas sim em tudo à tua volta… Observavas cada movimento, ouvias cada som, como se do ultimo se tratasse… Eu nem sabia que pensar… A certa altura percebi que era tempo de para ti olhar… E assim o fiz… fiz o mesmo que tu… e foi quando percebi… o silencio da tua resposta fazia agora um sentido imenso, um sentido que me preenchia cada frase, cada ideia… Era mesmo fantástico… Víamos todas as pessoas dali e dali mesmo percebia-se que a vida é apenas a verdade de uma mentira… Todos aqueles sorrisos que nos eram possíveis de captar soavam como o melhor som da vida… aquela alegria que as pessoas que ali passavam tinham era contagiosa…

E nesse momento perguntaste-me: “Achas que é sempre assim?”… Eu disse “Sim, é!”… E após a minha espontânea resposta procurava eu em mim uma explicação para tal… E foi quando percebi… O que é ser feliz? Ter tudo o que vês? Sentir-te poderoso? Ser superior? … Naquela tarde contigo percebi que não… a vida é ganha nos pequenos momentos… naqueles momentos em que abstractos como o amor, a esperança, os sonhos, quebram a rotina, quebram as suas barreiras… naquela altura em que as coisas deixam de ser complicadas e nos marcam com a sua simplicidade… Acabava eu o meu raciocínio, e como por telepatia o fizeste tu… “Já imaginaste se as pessoas percebessem que para ser feliz basta viver, o que aconteceria?” Eu em jeito de resposta terminava agora o meu pensamento… “A felicidade deixava de ser um conceito, e passava a uma realidade”…

Naqueles momentos ao teu lado entendi que os medos, os receios, as coisas complicadas, apenas nos fazem perder o tempo que temos para viver… Não vale a pena pensar no que está a acontecer, ou perceber em que ritmo estamos nós… Basta viver, para tudo acontecer… Basta ter esperança, sonhar, e ser perseverante… O dinheiro não compra felicidade, sempre ouvi eu dizer… E agora percebia porquê… Esta era a verdade das nossas mentiras… Muitas vezes dizemos que não somos felizes porque não temos dinheiro, ou porque temos muitas dividas, ou porque nos sentimos vazios, quando no fundo, não somos felizes porque não procuramos o simples gesto de amar, o simples gesto de brincar, de sorrir, de acenar e dizer que sim… Conversar, jogar, correr e saltar… Todas aquelas simplicidades que oferecidas nos fazem viver a 100 à hora…

Há apenas uma verdade em cada mentira… A Solidão… meu pior medo, de todos nós pior receio… O mundo é uma partilha de ideias, é um jogo de acções, uma corrida entre o que fazemos e o que temos para fazer… E eu preciso sempre da tua mão para o fazer… Se escrevo, preciso que leias… Se falo, preciso que oiças… Se dou, preciso que recebas… Se te faço sorrir, preciso que sorrias… Se te abraço, preciso que me abraces… Se eu choro, preciso que chores comigo… Se eu te amar, preciso que me ames também… E Então é nesta partilha que todos nós vivemos em busca de encontrar aquilo que realmente nos preenche, e que nos faz falta…

Enfim… A verdade da tua mentira era que estavas à procura desta resposta… Mentiste-me enquanto olhavas confiante para todo aquele parque, fazendo-me pensar que tudo estava bem… Quando afinal de contas, estavas à procura de descobrir tudo isto… É bem, juntos descobrimos… Olha para mim, não interessa se vivemos aqui ou no outro lado do mundo, se falamos português ou inglês, se somos ricos ou pobres… interessa se juntos estamos, e juntos sorrimos com as coisas tão simples como um olhar…

Respiro… a Verdade de todas as minhas Mentiras…

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D3S – Dream Yourself!
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